Texto assinado pelo Diogo Sales do blog Trágico e Cômico. É bom saber que não sou o único que acha que quem desenha de graça é vagabundo (ver texto publicado aqui). Leiam e divirtam-se, se é que é possível rir de si mesmo.
Artista é tudo vagabundo e trabalha de graça
O que é arte, afinal? Quero falar de arte hoje, mas num universo bem amplo, do qual eu e um zilhão de arteiros freelancers fazem parte: cartum, caricatura, ilustração, artes plásticas, design gráfico, infografia, etc. Arte é um conceito tão abstrato que a maioria das pessoas acha que não faz sentido pagar por algo que elas não consideram um “serviço”. Desde que o mundo é mundo, 99% da humanidade acha que arte não é (ou não pode ser) profissão, só hobby. Logo, quem está desenhando, está só se divertindo — e quem insistir em “trabalhar” com arte, é porque é vagabundo. Assim sendo, eu sou um vagabundo. E se você desenha, você também é. Pouco importa se você trabalha que nem um camelo e pouco importa quantos cursos você fez ou quantos prêmios ganhou. No final das contas (com bastante trocadilho), essa é a maneira como somos vistos pelo mundo.
O curioso é que essa é mais uma unanimidade burra que o homem médio criou para, logo em seguida, cair numa contradição: não, ele não valoriza mesmo a arte — e tampouco está disposto a pagar por ela —, mas ele aprecia a arte. Deu para entender? Funciona assim: basta achar um cretino que faça uma arte de graça e convencê-lo a trabalhar em troca de “divulgação”. Artistas dos mais variados matizes recebem diariamente ofertas irrecusáveis como essa. É uma aventura edificante estudar as técnicas de abordagem dessa galera que quer (ou melhor, “precisa” — e "pra ontem") de uma arte, mas “não tem verba”. Uns tentam forjar uma "parceria", onde ambos supostamente estarão “investindo”. Tipo aquele “editor” de portal ou site que está “crescendo e ganhando cada vez mais leitores” e precisa de “gente talentosa para fornecer conteúdo” (alguns sofisticaram essa abordagem, sugerindo um "linkbuilding para ambas as partes"). Outros chegam se derramando em elogios, enaltecendo o seu traço, sua técnica, suas cores e… “aproveitando a oportunidade, preciso de um desenho… nada muito complicado, para não tomar seu tempo”. Se já é bom não tomar muito do meu tempo, melhor ainda se não tomar tempo nenhum, né? Mas tem também o visionário. Aquele cara que está montando uma banda de pagode-sertanejo-axé-universitário que vai “bombar” e precisa de um logo, um site e, se bobear, uma capa de disco. Isso sem falar da turminha do “me desenha”… De graça, claro — afinal, é sempre muito divertido passar o fim de semana trabalhando para os outros sem receber um tostão por isso.
No final, pouco importa a abordagem, já que a finalidade é sempre a mesma: “trabalhe de graça para mim — em troca eu vou te catapultar ao total estrelato”. A situação está sendo subvertida a tal ponto que, se o artista recusar a “oferta”, chega-se a uma estranhíssima inversão de papéis. De repente é como se o artista devesse agradecer aos céus por uma oportunidade como essa (quiçá ele até terá de pagar para poder publicar em um espaço tão ilustre que ninguém lê, nem compra e nem acessa). Enfim, desculpa aí qualquer coisa… Mas claro que uns aceitam trabalhar de graça. Outros aceitam fazer por qualquer “déiz real”. Todos unidos pelo amadorismo e pela má qualidade de seus trabalhos, atravessando o caminho de profissionais sérios do mercado. Então, se você é um profissional em busca de espaço, reconhecimento (e pagamento, claro), o que fazer no meio de toda essa pobreza? Se matar? Não ainda, pois surgiu um cara que vai nos guiar por essa estrada esburacada, sem sinalização e sem destino. Um cara que não fica impassível ou intimidado diante de um pedido de “um desenhinho”. Um cara que sempre sabe encontrar a resposta mais irônica e sarcástica (sem deixar de ser elegante) — enfim, a resposta ideal — aos que nos oferecem aquela irrecusável oportunidade de trabalhar por divulgação. Luis Di Vasca é o libertador de todos os artistas e freelancers, constantemente marginalizados e vilipendiados pelo establishment. Sua cruzada contra a obtusidade e o torpor mental do homem médio é comovente e enche a classe artística de orgulho.Portanto, é meu dever retribuir esse “linkbuilding”. Acessem e aprendam com o nosso herói: http://divasca.blogspot.com/.
3 comentários:
outa que pariu Rapy, foi muito massa vc publicar esse texto aqui, e sem palavras pro Diego pela autoria, e salve Divasca!
Já publiquei no Face, e vai se fuder as pessoas que tratam o artista assim, principalmente estes editores de merda!
Cara Ray !!!! Muito massa esse texto, vejo muito isso... muitas pessoas que eu conheço acham que é só um hobbe e não entendem isso como profissão, mesmo com o Grande Salão de Piracicaba na região em que vivo... Meus pais mesmo ... acham que isso não traria um futuro para mim . Fico indignado ...
A maioria tem um pre-conceito e uma visão distorcida da arte em nosso pais, a luta continua para vencer estas etapas. Abraço Forte Clayton e Lucas!
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